Resenha – Insurgente, de Veronica Roth (livro + filme)

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AVISO: Por motivos óbvios, a crítica a seguir vai relembrar fatos que ocorreram no primeiro livro da saga. Caso não tenha lido ou visto o filme de Divergente, dê uma olhada na resenha que postamos AQUI.

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Capa nacional da obra

A narração em terceira pessoa continua pelo ponto de vista de Beatrice Prior (Tris), em Insurgente. E sinceramente até a metade do livro, minha vontade era de injetar morfina nessa criatura. Okey, ela tem 16 anos, perdeu os pais, matou o próprio amigo e fez algumas coisas que não considera como atos heroicos. Mas tiveram momentos – muitos – em que sua martirizarão chegou a me irritar e a leitura não fluía rapidamente como no primeiro livro.

A obra é construída em divisões por capítulos, totalizando 47. O começo de Insurgente ocorre no momento exato em que terminou Divergente. Tris, Quatro, Caleb, Marcus, Peter e outros sobreviventes estão indo se refugiar no complexo da facção da Amizade. Grande parte da Abnegação já não existe mais, pois fora exterminada pela Erudição e indiretamente por membros da Audácia.

Ao chegar na Amizade temos a oportunidade de conhecer, juntamente dos personagens, um pouco sobre a vida nessa facção.  Pensem em roupas utilizadas sendo uma mistura de Mônica com Magali em tons pastéis e que unicórnios poderiam sobrevoar o lugar vomitando arco-íris. Pensou? Você está na Amizade, onde todos se sentem seguros, não há líderes, a sustentabilidade é a base de tudo e as pessoas são extremamente felizes. Nem parece que fora desse maravilhoso lugar, o mundo está caindo aos pedaços.

Deixando unicórnios para trás

Apesar desse mundo utópico que o complexo da Amizade oferece, Tris e os refugiados sabem que existe uma guerra por vir e esta só poderá ser ganha caso consigam aliados à altura do exército de Jeanine Matthews.

Em busca de soluções e desse exército insurgente, nossa personagem principal passa a conhecer o também complexo da Franqueza e as rústicas “acomodações” dos sem-facções. Essa visão dá ao livro uma riqueza maior no que se trata da Chicago futurista criada por Veronica, pois antes só tínhamos uma visão geral de o que era a Abnegação e a Audácia. Estas apresentações de outras facções são momentos muito interessantes em Insurgente, pois o leitor é introduzido em novos modos organizacionais, ideologias diferenciadas e “cultura” social de cada uma.

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Símbolos da Facção da Franqueza

Pós-ressaca moral

A martirização da personagem – atrelada aos acontecimentos do primeiro livro – começa a ser deixada em segundo plano lá pela metade da obra, isso faz com que a narrativa seja turbinada com uma leitura rápida e saborosamente.

Entre os momentos de martirização até o reequilíbrio mental de Tris, podemos observar o crescimento dos personagens e de suas atitudes. Apesar de estarmos na visão da protagonista, conseguimos conhecer algumas ações, ideologias e até nos divertirmos com a construção dos personagens secundários, sendo estes bem carismáticos e queridos.

O casal formado em Insurgente – pela protagonista e pelo Quatro – passa por brigas e desentendimentos, e justamente por estes motivos aparentam ser mais verdadeiros e reais. A rapidez com que o casal se firmou no primeiro livro, foi substituída por algumas mentiras de amor no segundo. Fiquei realmente feliz por poder ver esse lado dos dois, mostrando claramente aos leitores suas imperfeições e imaturidades em um relacionamento. Superadas essas dificuldades, a autora ganhou pontos em Insurgente por não adicionar o famoso “clichê literário”, um romance triangular.

Apesar de não ter um chavão amoroso, a obra pecou em alguns aspectos como: fugas óbvias da personagem principal, mortes não tão tocantes e um final um tanto esperado. Contudo, devido a uma crítica mais bem elaborada e elementos de ação presentes do início ao fim do enredo, acredito que esta obra tenha sido superior a Divergente.

A edição brasileira

Insurgente foi lançado em 2013, pela Editora Rocco com o selo de jovens leitores. O projeto gráfico da obra acabou copiando a mesma capa dos Estados Unidos. A imagem é composta pelo símbolo da Amizade, por um título em relevo e uma pequena ilustração no “rodapé”. Além da capa original, alguns países resolveram se arriscar e ousar em novas escolhas. Confira as capas de Insurgente pelo mundo compiladas pelo Lá Na Minha Estante.

Capítulos nostálgicos: 5, 6, 8, 12, 27, 29, 33, 36, 40, 47.

Ficha Catalográfica:

Título: Insurgente

Título original: Insurgent

Autor: Veronica Roth

Editora: Rocco Jovens Leitores

Páginas: 512

Insurgente (Filme)

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E que comece a batalha de Livro vs Filme!! Brincadeira… A adaptação cinematográfica ainda está em cartaz nos cinemas brasileiros – pelo mesmo até a data desta postagem –, mas não agradou aos fãs da obra literária. Motivo? Está muito diferente das páginas escritas por Veronica Roth. Mas apesar do roteiro fugir muito ao livro, acredito que tenha sido bem adaptado para o entendimento no geral.

O sistema de facções está ruindo e Jeanine Matthews (Kate Winslet) não mede esforços para tentar mantê-lo a todo custo. Do outro lado temos Tris (Shailene Woodley) e Quatro (Theo James), fugitivos, que partem em busca de um exército de rebeldes para combater o conservadorismo da líder da erudição.

E aí?

O longa metragem contou com um grande investimento e isso se torna visível durante as diversas cenas de ação intensificadas por efeitos especiais e fotografia. O foco do roteiro se manteve no heroísmo absoluto de Tris e na caça de Jeanine por divergentes, mas também foram apresentadas novas personagens como Johanna (Octavia Spencer) e Evelyn (Naomi Watts) que tiveram interessantes participações. Fora isto a construção dos personagens secundários se manteve rasa novamente, Peter (Miles Teller) e Caleb (Ansel Elgort) tiveram um pouco mais de destaque na história, mas este quesito ainda continua fraco.

 

(Atenção: Possíveis Spoilers abaixo)

(Você leu acima? Possíveis Spoilers a seguir)

 

O que muda do livro pro filme?

Jeanine encontra uma caixa que reserva uma mensagem dos fundadores da Chicago futurista em que vivem, então a líder da Erudição e vilã do filme ordena a captura de divergentes para completar os testes que abrem tal segredo. Porém não é qualquer divergente que consegue o feito de passar pelas simulações elaboradas pela caixa, de algumas cobaias, os testes ocasionaram em mortes. Imagino que você já tenha matado a charada de quem seria a pessoa escolhida…
Mudanças e mudanças no final… Mais estou realmente curiosa para saber como ficará o roteiro para a construção da adaptação do último livro.

Ficha técnica do filme no link: Adoro Cinema

Trailer de Insurgente (2015):

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Formada em jornalismo e turismóloga, lê de tudo um pouco, é viciada em seriados/animes e compra mais livros do que consegue ler – piorou na era dos e-books. Na listona de futuras leituras sempre terá livros de: não-ficção, distopia e muitos de romance – esse último é pra tentar adoçar a vida. Além disso, o amor por autores favoritos já me fez passar horas em filas de sessão de autógrafos, assistir vídeos de entrevistas e 'stalkeá-los' (de leve) nas redes sociais – inclusive a Jojo Moyes é incrível no Twitter!

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